Não faríamos melhor se procurássemos entender a nós mesmos e aos que nos cercam? Afinal, uma geração a mais ou a menos em nossas incompreensões faz qual diferença?
Não entendemos os velhos e os consideramos pessoas improdutivas. Como tal, só lhes abrimos vagas em ultimo caso, quando o mercado tem falta de pessoal ou como bico. Temos uma legislação trabalhista que é uma armadilha nesse sentido. “Imagina, contrato o cara hoje e amanhã ele já está doente e eu pagando!”
Não nos entendemos entre as áreas da empresa e não fazemos muito esforço para isso. Em mais uma ilusão, preferimos criar mecanismos para controlar as pessoas – da mesma geração.
Aturamos sócios e pares afetivos – que já não suportamos – porque embarcamos numa “escalada de comprometimento”, situação bastante estudada pelos psicólogos. Numa escalada de comprometimento, encontramos formas de justificar relações que já ruíram há muito tempo, mas continuamos atrelados ao nosso compromisso inicial.
Criamos nossos filhos dentro dos nossos pressupostos, para viverem daqui a 10, 20 ou 30 anos um futuro que não conseguimos sequer imaginar.
A geração Y é apenas isso saltando aos nossos olhos. Nós éramos diferentes de nossos pais, eles são diferentes de nós, seus filhos serão diferentes deles. Precisamos entender que as regras culturais são criadas iguais para todos por uma questão de redução, de praticidade e por desconhecimento de como poderia ser diferente. Mas as diferenças que enfrentamos não estão somente no tempo, como também no espaço. Somos todos diferentes acordando coisas – corretamente ou da forma errada. (…)
Eu quase consigo afirmar, de forma empírica, que as diferenças estão mais acentuadas no espaço do que no tempo e afirmar que o que muda com o tempo, são muito mais os conteúdos do que os arquétipos – as formas.
Como somos muito preocupados com os conteúdos, esquecemos de observar os padrões que seguem. Dias atrás escutando a conversa de amigos, um estava admirado com as roupas e cabelos dos jovens de hoje, quando o outro lembrou as roupas e cabelos que usávamos nos anos 70 e 80 – difícil dizer quais as mais estranhas. Tudo muda, mas tudo se repete, apenas com mais velocidade.
Os meios hoje permitem mais conteúdo e isso tem que ser respeitado como qualquer outra diferença. Aquela capacidade do cérebro que dizíamos que era usada em somente 10%, hoje deve estar sendo utilizada em uns 15% ou 20%.
Minha maior dificuldade de compreensão nunca foi com a geração mais jovem e nem com a geração mais velha, sempre foi com os da mesma geração, ou seja, muito mais horizontal – no espaço e não no tempo.
Quando algo vira moda, tendemos a reduzir tudo a esse algo. Não podemos confundir a compreensão humana e as relações, ao simples uso, cada vez mais intensivo, de tecnologia. Lembra que polêmica as calculadoras criaram? Você deveria estar usando e permitindo usar a internet e as redes sociais, independentemente de sua idade.
Talvez mais importante fosse colocarmos nossa atenção na compreensão de nossos sócios, colaboradores, parceiros, pares afetivos e principalmente, de nós mesmos, independentemente de idade, mas com foco nas diferenças. Garanto que se você se perceber e tentar compreender-se, aceitará, respeitará mais e conseguirá lidar melhor com as pessoas, de qualquer geração.
Fonte: Décio Marcellino – www.visionquest.com.br